Sampa, em definitivo, é uma mulher.
Esse jeito carinhoso que nós, seus habitantes, encontramos para lhe chamar, Sampa, dá vida e gênero a essa quatrocentona.
São Paulo, por mais homem que seja, por mais orgulhoso (quando não envergonhado) dessa cidadona que leva seu nome, não confere ao nosso habitat as formas e as cores e as curvas de uma mulher.
Quando viajam a trabalho, as pessoas de negócios vão a São Paulo. Mas é na noite, na brisa de concreto que sopra sobre bares lotados que as pessoas estão em Sampa. Tão simples assim.
Sampa nos acolhe quando temos fome, não importa a hora do dia, da noite. Ela é a mãezona sempre presente, daquelas que sabem ser rígidas na hora certa e consoladoras (na hora errada?).
Sampa é a cidade das curvas retas do Masp, das longas caminhadas do Ibira, das pedaladas sobre cimento do Villa-Lobos.
É a cidade que repulsa e atrai, que cheira bem e cheira mal, que carrega no colo e dá um fora, que beija, abraça, xinga, chora... é a cidade-mulher.
Sampa tem luz e sombra, trânsito e sossego, lixo, luxo, caro, barato, podre, pobre, rico.
Sampa tem tudo que cada um de seus filhos tem.