22 de jul. de 2009
Mesmo se eu pudesse
Mesmo se eu pudesse escolher onde nascer,
Mesmo se eu pudesse escolher meus pais,
Meus irmãos, meu filho, minha sina, meus prazeres,
Meus defeitos, amores, erros, acertos.
Se ainda pudesse voltar no tempo,
Sacudir a poeira, dar a volta por cima,
Eu, sem pestanejar, continuaria em linha reta.
Mesmo sabendo que de reta ela não tem nada,
Pois, sorrateiros que somos no Universo,
No vácuo da existência é que caminhamos.
Daria tudo de mim outra vez, por mim, por você.
Não cantaria hinos ao meu epitáfio, ao meu amanhã,
Ao meu que ainda não aconteceu.
Ao contrário, ao invés, por que não cantar o agora,
O aqui?
Se tivesse de escolher, se obrigado fosse,
Faria tudo igual, faria as mesmas escolhas.
E só faria tudo igual porque não posso mais escolher no passado.
Só escolho o aqui, o agora.
Sem valor reclamar. Sem sentido arrepender-se.
O que vale é a escolha de agora, a semente que se planta.
Isso é a colheita. E se é a colheita, não há com o que se preocupar.
Afinal, se algo não tem solução, para que se preocupar?
E se algo tem solução, para que se preocupar?
Se eu pudesse escolher outra vez (sei que não posso), faria tudo de novo.
Não porque sou débil a ponto de repetir os erros.
Mas pelo simples fato de que não nego minha própria herança.
Nem meus próprios potenciais.
E respeito, acima de tudo, minhas escolhas de ontem.
O hoje a mim pertence.
E o amanhã...
O amanhã é o sopro do que meu pulmão traga agora.
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