28 de ago. de 2009

Alô, Ricardo Teixeira, Bernardinho já!


Imagens: montagem do blog Passa Boi, Passa Boiada

Bernardo Rocha de Rezende. Esse é o nome de Bernardinho, técnico da seleção brasileira de voleibol masculino desde 2001 e que dispensa mais apresentações.

Bernardinho é virginiano, nascido em 25 de agosto de 1959, no Rio de Janeiro.

Bernardinho foi eleito pelo Comitê Olímpico Brasileiro, por quatro anos consecutivos, como melhor treinador do Brasil.

Uma vez, quando eu morava no Canadá, contei a seguinte piada durante uma palestra que dava no Rotary:

Vocês sabem qual é o esporte mais popular do Brasil?
Futebol, responderam.
Eu disse:
Não, é o vôlei. Futebol lá é religião.

Na hora saiu mais engraçado, e a plateia se divertiu.

Mas o fato é que não há hoje no nosso país algum treinador que seja mais raçudo, pragmático, líder, perseverante e detalhista do que Bernardinho. Tudo bem, vá lá, os puristas devem estar se coçando, já deduzindo o final deste meu curto artigo, já chegando à mesma conclusão a que cheguei.

Também devem estar resmungando, alegando que são esportes completamente diferentes, outras táticas, outras nuances, outras idiossincrasias...

Mesmo assim, mesmo sendo a topeira que sou quando se trata de futebol (tanto no campo quanto na poltrona), não vejo pessoa mais indicada para o cargo do nosso querido Dunga do que o próprio Bernardinho.

Assim, curto e grosso: Alô, Ricardo Teixeira, Bernardinho já!

13 de ago. de 2009

No Heavens: aprendendo vendas com histórias divertidas

Meu querido amigo Brandi lança, no próximo dia 21 de setembro, aqui em São Paulo (veja convite abaixo), seu livro "No Heavens - aprendendo vendas com histórias divertidas".

Trata-se de uma reunião de pequenas crônicas escritas por ele ao longo de sua carreira, em que Brandi mostra perspectivas diferentes daquelas a que estamos condicionados a enxergar no mundo delicado das vendas.

Transcrevo em seguida o prefácio do livro, escrito por Giacomo Mastroianni, publicitário, jornalista e escritor, e já convido todos os leitores de Passa Boi, Passa Boiada a prestigiar esse lançamento literário.



"Imagine o sábio Isaac Newton visualizando suas teorias da mecânica gravitacional, com todas as complicadas fórmulas e equações implícitas, no exato momento em que a maçã lhe caísse sobre a cabeça. É mais ou menos o que acontece com o profissional de marketing e administração ao protagonizar cada episódio do dia-a-dia, no envolvimento com outras pessoas em negócios. Episódios que para leigos parecem destituídos de fundamentos, para estes homens e mulheres de marketing, entre os quais me incluo, soam como verdadeiros cases, cheios de ensinamentos profundos.

O autor desse despretensioso e compacto livro é, no fundo, um contador de histórias. Algumas até líricas, outras de puro pragmatismo negocial e quase todas revestidas de certo humor e picardia, como para provar: nos contatos pessoais e nos contratos informais de negócios, rolam muita esperteza e matreirices, que beiram sempre certo cinismo. Ali, onde uma pessoa comum enxerga lances banais de relacionamento, na vida ou no trabalho, o autor consegue avistar ações e reações regidas por leis de evolução profissional. Em determinados momentos, identifica com toda clareza erros mercadológicos, surgidos da transgressão comportamental de um vendedor. Da pouca atenção de um empresário à cartilha básica dos bons serviços, onde o cliente é rei e senhor de todos os nossos movimentos.

Noutro instante, o autor nos faz perceber que nada substitui o talento instintivo do vendedor. É quando, tal qual um alquimista, sugere o caminho oculto dos labirintos da venda perdida e vai sacar de seu arsenal invisível, a arma decisiva do argumento convincente, sempre alicerçado na visão positiva de um bom resultado final.

Carlos Brandi, no âmbito das empresas do ramo financeiro a que tem servido nesses últimos 20 anos, parece ter ministrado treinamentos sempre lembrando de suas experiências da vida particular, vivenciadas ou como comprador ou como vendedor. Ora como vítima injustiçada de algum gesto violento na infância, ora como triunfal vencedor de pelejas juvenis, ele saiu catando por aí tudo que encontrava para fundamentar a técnica dessa paciência, dessa persistência, da construção daquele resultado sempre quantificável, que transforma um vendedor num vencedor.

Por outro lado, lá fora, nos tabuleiros de banana das quitandas, nos balcões de lojas de moda dos shoppings, nos pátios de estacionamento, nas salas refrigeradas das financeiras ou no corpo a corpo com a clientela das revendas de automóveis, ele vai destilando teorias de Kotler, numa simbiose bastante proveitosa para ambos os universos.

Aliar a teoria à prática é o conceito mais importante para a evolução do marketing em nosso país.

Esperamos que os leitores de Brandi curtam suas histórias com a seriedade que o marketing merece e o fair- play que o seu estilo literário sugere, o que torna palatável e digerível os grandes ensinamentos contidos nessas crônicas simples."


Giacomo Mastroianni

Fortaleza, 25 de setembro de 2008

6 de ago. de 2009

Shopping center: a cidade dentro da cidade


Fotos: GettyImage

O shopping center é uma cidade dentro da cidade. O mundo perfeito protegido por cercas, seguranças. A própria arquitetura e o modus operandi refletem isso: lá não há mendigos, não há favelas, não há semáforos.

Há o cheiro, a música e a temperatura, que tentam ser agradáveis. Há a beleza (questionável) das vitrines, os objetos de consumo da classe média, a conveniência dos serviços, o Papai Noel no final do ano, o coelhinho na Páscoa, o Mickey no dia das crianças.

Para se ter uma ideia, a cada 4 dólares faturados no varejo americano (território pátrio dos mundialmente difundidos centros de compras), 3 têm origem em shopping centers. Sendo mais exato, esse modelo de empreendimento imobiliário e comercial responde por 72% do faturamento do varejo dos Estados Unidos, o mais pujante do planeta.

No Brasil, essa relação é mais tímida: 21% das vendas do varejo são realizadas nos shopping centers (fonte: Folha de S.Paulo, edição de 6/8/2009, página B2, coluna Mercado Aberto). Segundo o Ibope, os shoppings brasileiros têm potencial para alcançar a marca de 40% de participação no total do bolo do varejo tupiniquim.

Mas qual é a magia, quais são as artimanhas utilizadas por esses poderosos ícones do consumismo?

Já repararam que nos corredores desses gigantescos prédios não há sinalização indicando a saída?

Perceberam também que, uma vez dentro do shopping, não dá para saber se é dia ou se é noite, se chove ou se faz sol, se está frio ou calor?

Não há relógios para se saber a hora!

Os nomes dos setores do estacionamento são confusos: ou por letras e números (G1, G2, G3 etc.) ou por nomes difíceis de memorizar (Setor Tulipa, Orquídea, Hortênsia). Ou seja, não querem que você vá embora, saia de lá, deixe de comprar, comprar, comprar.

O shopping virou o ideal da classe média, o consumismo instituído, o modelo perfeito de família: lindo casal jovem com filhos pequenos, dentes perfeitos, bochechas coradas.

Essa herança é proveniente do modelo capitalista americano de se organizar o sistema de compras em grandes centros comerciais. A ideia de centralizar as lojas e os serviços fez com que o próprio desenvolvimento urbanístico refletisse essa realidade através da proliferação, por exemplo, de condomínios residenciais fechados, causando a degradação das regiões centrais de grandes cidades (como resultado da fuga de clientes e comerciantes para os shopping centers).

Sem mencionar a descaracterização das regiões residenciais, abandonando o conceito tradicional de centros de convivência, uma vez que há a diminuição nesses bairros da quantidade de lojas, farmácias, açougues, serviços e até opções de lazer.

Essas funções sociais vêm sendo abocanhadas cada vez mais pelos shoppings.

Há algo de errado nisso? Algo de bom? Não pretendo aqui aprofundar a discussão do tema. Afinal, esse artigo apenas toca a superfície, mas proponho fazermos a reflexão sobre como o modelo dos shopping centers contribui ou não para a construção de uma sociedade mais sadia, justa e solidária.

Fica o convite para todos comentarem.