22 de jul. de 2009

Mesmo se eu pudesse



Mesmo se eu pudesse escolher onde nascer,
Mesmo se eu pudesse escolher meus pais,
Meus irmãos, meu filho, minha sina, meus prazeres,
Meus defeitos, amores, erros, acertos.
Se ainda pudesse voltar no tempo,
Sacudir a poeira, dar a volta por cima,
Eu, sem pestanejar, continuaria em linha reta.
Mesmo sabendo que de reta ela não tem nada,
Pois, sorrateiros que somos no Universo,
No vácuo da existência é que caminhamos.
Daria tudo de mim outra vez, por mim, por você.
Não cantaria hinos ao meu epitáfio, ao meu amanhã,
Ao meu que ainda não aconteceu.
Ao contrário, ao invés, por que não cantar o agora,
O aqui?
Se tivesse de escolher, se obrigado fosse,
Faria tudo igual, faria as mesmas escolhas.
E só faria tudo igual porque não posso mais escolher no passado.
Só escolho o aqui, o agora.
Sem valor reclamar. Sem sentido arrepender-se.
O que vale é a escolha de agora, a semente que se planta.
Isso é a colheita. E se é a colheita, não há com o que se preocupar.
Afinal, se algo não tem solução, para que se preocupar?
E se algo tem solução, para que se preocupar?
Se eu pudesse escolher outra vez (sei que não posso), faria tudo de novo.
Não porque sou débil a ponto de repetir os erros.
Mas pelo simples fato de que não nego minha própria herança.
Nem meus próprios potenciais.
E respeito, acima de tudo, minhas escolhas de ontem.
O hoje a mim pertence.
E o amanhã...
O amanhã é o sopro do que meu pulmão traga agora.

16 de jul. de 2009

Sexualmente programados?*


Fotos: Getty Image

* Este artigo, de minha autoria, foi publicado na revista Klasse, na edição de julho de 2003.

O tabu do sexo nos ronda desde os primórdios. Mas será mesmo que esse bicho tem tantas sete cabeças assim?

O sexo é o tema mais consumido na internet. A programação da televisão aberta, em qualquer parte do mundo, é fincada em dois alicerces: sexo e violência.

Freud sintetizou sua teoria no sexo. Alegava que a essência das nossas vicissitudes estava calcada na sexualidade.

Acordamos e a primeira coisa que nos vem à mente é... sim, sexo! Vamos dormir e, se não fazemos sexo momentos antes de cair no sono (momentos longos, de preferência), pensamos em sexo. Nossos travesseiros são os melhores amigos de nossa consciência. Ah, e que delícia de consciência!

Mentes pervertidas? Desvios de caráter? Obsessão? Compulsão? Que nada! Sexo nada mais é, e aqui não pretendo soar simplista, do que a garantia da nossa sobrevivência. Não há o que complicar. A resposta está aí. Basta querermos vê-la.

A raça humana existe até os dias de hoje graças à perpetuação da espécie através do sexo. Está na Bíblia, nas aulas de biologia, em casa, na TV. Está, enfim, em nossas mentes e, sobretudo, está em nossos genes.

Sim, fomos programados geneticamente para reproduzir. Religiosamente, para crescer e multiplicar. E do ponto de vista psicológico, também estamos fadados ao complexo dos coelhos.

Portanto, caros leitores, não nos iludamos. Existem sempre, no mínimo, duas formas de enxergar uma questão. A primeira, a que não recomendo, é focar no problema. A segunda é focar na solução.

Vocês já devem ter ouvido a expressão "Deus está nos detalhes". Ou seja, o segredo da felicidade está no que é simples, no que é bem resolvido, no que é tangível o tempo todo.

Por isso, vamos focar na solução da coisa, ou melhor dizendo, do sexo. Ninguém merece (ah, cedi à tal expressão, já incorporada ao nosso dia-a-dia) passar uma vida inteira focando no problema do sexo. Focar na solução é mais saudável. E é muito mais factível do que possamos imaginar.

Senão, vejamos:

Um homem encontra uma mulher desconhecida no elevador. Na cabeça dele, ela é bela, mas até aí não rolou nenhuma intenção, o que lhe daria a liberdade de puxar uma conversa sem compromisso.

Já na cabeça dela passa aquele velho filminho: "Ah, se eu der trela, dará a entender que quero sair com ele. Mas esse não é meu jeito de ser. Ora bolas, o que ele vai pensar de mim? E depois, como será? Acho melhor não falar nada. Nem mesmo da meteorologia".

No que ele vira e diz: "Esquentou hoje, não?" Ela, então, treme por dentro, como quem quisesse bocejar de boca fechada (aliás, segundo Honoré de Balzac, o cúmulo da elegância é bocejar de boca fechada). Que o digam as balzacquianas.

Calada por um átimo de tempo, ela esboça um arrã. Ele, desconcertado pela resposta lacônica, inicia um assobiar sem ritmo, olha para o teto do elevador, suspira e se encolhe.

Abre-se a porta. Ele olha para o relógio, dando indício de que vai esperá-la sair primeiro. Afinal, ele ainda é um cavalheiro. Ele mal identifica em que posição está o ponteiro dos minutos, e ela já atravessa a rua, eufórica e, ao mesmo tempo, melancólica. Como diz um amigo meu, Roberto Oliveira, uma mulher com segundas intenções é pior que o diabo com todas as intenções juntas.

Ou então pensemos a situação inversa: uma mulher de bem com a vida adentra o elevador, depara-se com um homem. Ele, casmurro e reticente, mal levanta as pálpebras para ver quem chega. Na verdade, ele se lembra da sua chefe, mulher dominadora, que acaba de lhe arrancar o fígado coma as palavras. A doce moça do elevador busca um contato visual. Nenhuma intenção de lascívia. Nenhum subterfúgio para o sexo. Apenas a cordialidade do contato, do trocar de gentilezas, do presentar com boas tardes.

Ele, carregado de preconceito, calcado em seu puritanismo ascendente, ignora a meiga presença e sai como um bufão tão logo a porta do elevador se abre no térreo.

Lá se vão mais duas oportunidades de bom sexo. E aqui não quero dizer sexo por sexo ou algo passageiro, frugal. Vejam bem, não quero dizer "só isso". Sexo pode muito bem ser "só isso", como também pode ser o rito de simbolismo do amor de uma vida inteira. E é exatamente essa dúvida que pairará sobre os quatro personagens deste texto pelo resto de seus dias. Isso se eles se derem ao luxo de pensar no assunto. Afinal, o foco deles foi muito mais no problema do que na solução propriamente dita.

Vejam, a solução não seria irem para a cama. A solução é deixar vida fluir, deixar as coisas acontecerem. Sem necessariamente um desfecho, uma conclusão.

Mais uma vez, o foco deve estar na solução. Sexo para simplesmente perpetuar a espécie cabe aos animais irracionais. A nós cabe tomar as decisões certas, ou seja, aquelas que vão ao encontro dos nossos valores e das nossas aspirações.

Isso vale dizer, então, que tudo é válido, desde que sejamos legítimos com nossos próprios sentimentos e jamais abramos mão do nosso poder de escolha.

Curtir a vida é isso. É estar pronto para se comunicar. Estar pronto para dizer sim. E, acima de tudo, também saber dizer não.

12 de jul. de 2009

Vik Muniz não é mais imperdível


Monalisa em versão de geleia e pasta de amendoim

Terminou hoje a exposição (portanto, agora não mais imperdível) de Vik Muniz, no Masp, em São Paulo.

Quem foi, foi. Quem não foi, perdeu. E perdeu a chance de ver uma das exposições mais criativas dos últimos anos realizadas no Masp.

O artista Vik Muniz, nascido no Brasil em 1961 e radicado em Nova Iorque (leia mais aqui), é um prático exemplo da filosofia do "think out of the box" ou "pense fora da caixa".

Ele tem a admirável capacidade de criar verdadeiras obras-primas a partir de mídias e materiais comus ao nosso dia-a-dia.

Sua excentricidade navega desde esculturas cravejadas com diamantes até retratos feitos com spaghetti e molho de tomate, ou ainda geleia e pasta de amendoim. Sem contar sucatas, carvão, tintas e o que mais a imaginação de Muniz puder utilizar.

Visitei a exposição na companhia do meu filho Piero (foto abaixo). Foi uma aula inesquecível para ambos.

Deixo registrado aqui em 'Passa Boi, Passa Boiada' algumas imagens da mostra no Masp. Aproveite!



Piero apreciando um dos quadros de Muniz, no Masp


Retrato feito com spaghetti e molho de tomate


Retrato feito com areia


Mapa múndi feito com sucatas de computadores


Anjinha emergindo do meio da sucata


Che Guevara ao chocolate ou ao feijão?


Liz Taylor em diamantes


Auto-retrato de Vik Muniz feito com cartonagem

O outro e as fronteiras


Fronteira entre México e EUA

Escrevi aqui no blog duas semanas atrás sobre a questão do outro. Uma das colocações que fiz, no post intitulado "Uma Beleza Sozinha Não Faz Verão", foi: se a minha beleza depende da do outro para existir, logo é a partir do respeito ao que é diferente de mim que serei respeitado!

O outro é a nossa fronteira, a nossa referência de finitude e, ao mesmo tempo, de complementaridade. O outro pode ser o nosso calibre, a válvula de ajuste da existência. Existimos porque o outro existe. Sem ele, não somos, não repercutimos. O outro e nós somos, ao mesmo tempo, um.

Tendo em vista esse ponto de vista, proponho aqui uma reflexão sobre o outro enquanto país, nação. E, por consequência, suas fronteiras que delimitam a liberdade do ir e vir, as trocas mercantis, os idiomas, as culturas.

Há hoje, na Europa, em comparação com a primeira metade do século XX, milhares de quilômetros de fronteiras internacionais a mais (procurei no Google a quantidade exata em quilômetros, mas não encontrei). O continente conta com 50 países atualmente, número quase duas vezes maior que há 50 anos.

Pergunto: o que explica esse fato, se levarmos em consideração que desde a Primeira Grande Guerra o processo de globalização é cada vez mais presente, haja vista a própria criação e a expansão da União Europeia nas últimas duas décadas?


Muro de Berlin

Onde há luz, sempre há sombra. Ou seja, tem sido através da tentativa de equalização (seja política, econômica, social) que, na Europa, as diferenças culturais pipocam e culminam numa reivindicação, quando não numa convulsão coletiva, pelos valores culturais de cada povo.

A diversidade só é (e assim deve ser) bela quando a possibilidade de comparação com o outro é possível. Num cenário em que se tenta colocar na mesma cesta uma série de diferentes nacionalidades, culturas e valores, é natural que o azul não queira se misturar com o vermelho, o amarelo, com o verde, e vice-versa.

Assim, quanto mais globalizados formos, menos as bandeiras haverão de se misturar. A manifestação de valores culturais de um povo está intrinsecamente ligada à sua capacidade de diferenciar-se.

Talvez resida aí um dos fatores que levaram por água abaixo a tentativa de implementação dos ideais marxistas na ex-União Soviética. É natural do ser humano sentir-se único (seja enquanto indivíduo ou grupo). E numa região de dimensões continentais como a ex-URSS é natural que as diferenças étnicas se tornariam fraturas expostas cedo ou tarde.

O caso da China, uma das exceções desse meu ponto de vista, ainda foge do meu entendimento. A população fica completamente sujeita às decisões do Estado Chinês, que controla até quantos filhos seus cidadãos podem ter durante toda sua vida. A não ser que haja, nas próximas duas décadas, uma mudança radical das bases do poder chinês (e, por consequência, a inclusão de valores mais democráticos na sociedade), não vejo a cristalização do atual ritmo de crescimento econômico que a China vem experimentando nos últimos 15 anos.

Outro exemplo de exceção é Cuba. Talvez, com o fim da dinastia Castro, que acredito acontecer até 2015, seja possível que os cubanos passem a integrar a dinâmica global de trocas mercantis, científicas e tecnológicas. Sobretudo agora com a boa vontade de Barack Obama.

Poderia citar outros exemplos aqui, mas continuaria penando para achar um ponto interessante para concluir este texto. O fato é que as fronteiras vêm aumentando, assim como o número de países, apesar de a globalização fazer força para emplacar.

O próprio episódio recente da gripe suína, ou melhor, gripe tipo A, deixou escancarado nos quatro cantos do mundo que, sim, estamos dispostos a fechar nossas fronteiras na iminência de riscos de contágio de doenças estrangeiras.

Aliás, a própria etimologia da palavra ‘estrangeiro’ já encerra em si o verdadeiro sentimento que cultivamos pelos povos que não os nossos: estranhos!

É claro que, em nome da saúde pública e blablablá, devemos pensar primeiro na gente, e não nos ‘estranhos’, quer dizer, nos estrangeiros. Mas ainda assim fico aqui matutando sobre para onde apontará a resultante desse movimento mundial de proteção fronteiriça.

Não quero nem imaginar um desfecho não muito bonito. Aliás, nada com nome de desfecho deve carregar muita beleza. Afinal, se o Universo é infinito, qualquer tentativa de se pôr um fim a qualquer coisa sempre cairá por água abaixo.


Fronteira entre Bélgica e Holanda: exemplo de convivência com o outro

4 de jul. de 2009

Blogar é como se vestir para uma festa (ou Como Fazer um Blog)


Imagens: Getty Images

Escrever um blog é como se vestir para uma festa. Portanto, capriche. Da mesma forma que faz o cabelo, ajusta o vestido, pinta as unhas, passa maquiagem, compra novos sapatos (nós, homens, apenas vestimos o terno, os sapatos e fazemos a barba), revise, cheque as informações, a gramática, a ortografia e, acima de tudo, seja interessante.

Há milhares de sites e blogs na internet dando dicas sobre a arte de blogar. Uno-me a esse universo e deixo aqui as minhas primeiras impressões após 'Passa Boi, Passa Boiada' ter completado ontem seus primeiros 100 dias de vida.

Em vez de seguir a tradicional receita do "10 dicas de como fazer um blog" (para isso, a internet está abastada de textos mais objetivos e didáticos), listarei em seguida não só as minhas dicas, mas também as minhas primeiras impressões e os aprendizados ao blogar.

Prontos? Então vamos lá:

Ser específico X ser generalista
Ao escolher um tema específico para seu blog (por exemplo, culinária, fotografia, música, marketing, modelismo), suas chances de emplacar são maiores (a depender, é claro, da sua competência e da sua capacidade de ser interessante). Por outro lado, nós não somos só especialistas nesse mundo. Escrever um blog pode ser a sua válvula de escape. O seu diário público. Uma maneira de você reagir ao que acontece no nosso mundo, interior e exterior. Uma frase de José Saramago sintetiza bem tudo isso: "Os sismógrafos não escolhem os terremotos, reagem aos que vão ocorrendo, e o blog é isso, um sismógrafo." Ser generalista ao blogar, no entanto, aumenta ainda mais sua responsabilidade: o dever de ser interessante.

Seus parentes não leem seu blog
Todos nós somos eternas crianças e buscamos aprovação de todas as nossas manifestações. Logo, é natural que queiramos a aprovação (não no sentido de 'ah! que lindo seu blog!', mas na crítica construtiva, na audiência, no olhar) dos nossos parentes. A começar pelos nossos pais, em seguida irmãos, tios, primos etc. Sim, sei que há aí uma certa asa carente, mas esses somos nós: eternos buscadores por aprovação. Mas, sinceramente, com exceção da sua mãe (espero), não espere muitas visitas de seus parentes em seu blog. E viva com isso!

Seus amigos (quase) não leem seu blog
Idem ao item acima, com a exceção de que, como os seus (verdadeiros) amigos não têm a obrigação de ler seu blog (por quê? Os parentes por acaso têm?), é natural que vez por outra eles entrarão e, raramente, postarão um comentário. A parte engraçada é que, com certeza, seus inimigos lerão seu blog. É como aquela célebre frase de Oscar Wilde: "Sempre perdoe seu inimigos, nada lhes incomoda tanto".

Os anônimos é que leem seu blog
Quem realmente lê seu blog é aquele internauta anônimo (pode até ser uma celebridade). Ele encontra seu blog, e não o contrário. Darei dicas mais à frente sobre como divulgar seu blog.

Dê feedback e passe longe da censura
Mais importante do que ter gente lendo seu blog é interagir com quem entra lá e deixa comentários. Por isso, procure responder a todos os comentaristas, nem que for para apenas agradecer. E, é claro, não censure, delete ou repreenda um comentário. O máximo que você pode (e deve) fazer é apagar algo que seja de alguma forma ofensivo, ilegal ou simplesmente spam.

Tamanho faz diferença
Só que nesse caso, quanto menor, melhor. Sempre que possível, procure escrever textos razoavelmente curtos (o que não é o caso deste aqui). Isso reterá mais atenção de seus leitores. Mas se você já chegou até este ponto, é porque está gostando do texto. :-)

Ilustre
Lance mão de imagens para ilustrar seus textos. Isso faz com que seus leitores façam mais associações, sinapses, reflexões. E isso os cativará. O Google Images e o Getty Images estão repletos de imagens. Procure apenas citar a fonte, é claro.

Seja assíduo
Escreva pelo menos uma frase por semana no seu blog. É importante manter o ar de novidade. Outra dica também é vez por outra alterar a imagem (se tiver uma) que encabeça sua página.

Cuide do nosso vernáculo
Parece até redundante essa dica, mas você pode se espantar com tanta incompetência gramatical, ortográfica e de estilo que assombra alguns blogs. Por isso, revise aquele velho livro de português e cuide do seu texto. O português tem de ser impecável. Não há outra escolha.

Aponte links
Vai citar Einstein ou Modigliani em seu texto? Inclua um link para essas referências. Além de ser conveniente ao seu leitor, fará com que seu blog apareça muito mais em resultados de pesquisa no Google. Uma dica é apontar o link da sua referência no Wikipedia.

Ouça o que está dentro de você
Preste atenção aos insights que tem ao longo do dia (e da noite). Geralmente, eles te levam aos seus melhores textos. Se puder, ao ter um deles, levante-se e escreva na hora.

Aprenda com o outro
Leia, comente, aprecie outros blogs. Além de ser um ótimo aprendizado sobre como blogar (afinal, a comparação com o outro é que nos faz ter noção do tamanho da nossa aberração ou beleza), ler outros blogs faz com que você se sinta parte do todo, da pulsação cibernética, do mundo que acontece ao nosso redor.

Sinta o blogar


Nesses 100 dias blogando, são essas as minhas sensações ao escrever para o mundo:
  • Responsabilidade: vigiar o que manifesto;
  • Participar do mundo: sentir-me vivo e incluído;
  • Produtividade: manter a cuca funcionando e produzindo;
  • Propriedade: o blog é meu, obra minha, dá orgulho!;
  • Ser formador de opinião: saber que influenciei (bem ou mal) quem lê meus textos;
  • Ser jornalista e reportar ao mundo: estar atento aos fatos e dividir.
Divulgue seu blog

No meio de quase 10 bilhões de páginas na internet, ninguém vai saber do seu blog a não ser que você o divulgue. Há várias formas de divulgá-lo. Vou citar as quem vêm dando certo no meu caso. Mas cada caso é um caso. Veja abaixo algumas sugestões:

AddThis: inclua um link para seus leitores compartilharem os textos que você escreve. Pode não trazer visitantes imediatamente, mas faz um bom trabalho para se ter "share-of-mind".

Use e abuse das redes sociais: Facebook, Twitter, Orkut, MySpace, LinkedIn, Plaxo, Flickr, SlideShare e por aí vai (clique nos links para visitar meus perfis).

Só para se ter uma ideia, o LinkedIn traz 85% dos visitantes de Passa Boi, Passa Boiada. Quase todas as minhas postagens divulgo no LinkedIn. Isso fez com que gente de mais de 50 países tenha visitado o blog.

Conheça seu leitor
Tenha instalado um contador de acessos. O que eu uso é o Stat Counter, gratuito e dá vários detalhes sobre quem, quando, como e de onde suas visitas são oriundas. Ao estudar os relatórios de visitas em seu blog, você terá mais noção sobre quais posts tiveram mais interesse, quais quase não receberam visitas, a frequência com que as pessoas voltam ao seu blog, quanto tempo elas ficam na sua página etc.

Espero ter ajudado. Se você tem mais dicas, divida aqui deixando seu comentário.

1 de jul. de 2009

Uma beleza sozinha não faz verão

Escrevi há pouco um e-mail em resposta a minha amiga Izabelle, que mora em Portugal. Ela, brasileira, já lá se instalou há anos, mas o nosso reencontro, mesmo que cibernético, fez-me voltar no tempo. Lembranças da adolescência. Gostosas recordações.

Algo que me chamou a atenção foram o jeito e os trejeitos dela ao escrever. Um português lusitano -- com o perdão do pleonasmo -- com aquele mesmo charme que os americanos apreciam nos ingleses, e estes, nos franceses.

E ao me deparar com essa diferença, sutil diferença, pude notar, pela enésima vez (mas a primeira que me leva à pena, ou melhor, ao teclado), o quão bela e rica e elegante é a nossa língua portuguesa.

As possibilidades de mover artigos, verbos e pronomes de lugar, sem alterar o sentido da frase, mas lhe conferindo mais poesia ou intenção ou tom (como que se não pudesse um tom ser poético, ou uma poesia, bem ou mal intencionada).

Sempre gostei de estudar outras línguas. E idiomas também. Mas tratemos dos idiomas por ora. Desde pequeno fuçava em dicionários, enciclopédias, sempre encantado com o novo, com o diferente, com o distante, mesmo que este estivesse sob minhas narinas.

Já me disseram que essa vocação, se é que se pode chamar de vocação, é influência da minha Lua na nona casa astral e de Júpiter na terceira. Deve ser mesmo. Afinal, a Lua rege meu signo solar, e o planetão, Júpiter, governa o meu setor de curiosidade, conhecimento, contatos sociais.

Mas o fato concreto, que penso não causar controvérsias astrológicas, é que tenho cada vez mais claro dentro de mim que a beleza do que somos, e do que temos também (como, por exemplo, a nossa língua portuguesa), só pode ser apreciada quando temos como referência o outro, ou a outra, se preferir.

Mesmo assim, ressalvo: como é impressionante nossa capacidade de ignorar as coisas preciosas que nos servem a vida toda, como a família, a noção de Pátria, os amigos verdadeiros, o trabalho, a língua! Parafraseando os anglófonos, "we take it for granted" (se alguém souber de uma tradução boa para essa expressão, por favor, compartilhe).

Enfim, arremato esse texto, que pode parecer solto, mas cuja intenção é propor uma reflexão sobre como a diversidade pode ser a via mais legítima para se enxergar a nossa própria beleza humana, com a seguinte ideia: se a minha beleza depende da do outro para existir, logo é a partir do respeito ao que é diferente de mim que serei respeitado!

Tão simples, tão elementar. Basta querermos olhar ao redor e enxergar. E aprender que dar risada de nós mesmos pode ser um sábio aprendizado.

Afinal, assim como andorinha, uma beleza sozinha também não faz verão.