29 de jun. de 2009

Dica do blog rende 11,8% em um dia



Quem aproveitou a dica que dei aqui mais de dois meses atrás (em 23 de abril) ganhou só hoje 11,8% com as ações da Visanet (IBOV: VNET3).

Quero a minha parte, hein!? ;-)

Caráter não tem cara



Ninguém muda.

O caráter não é algo que se modifica.

O caráter é algo que se revela.

Pode ser um caráter que desabrocha, quando a surpresa da revelação é boa.

Pode ser um caráter que detona, quando tu és vítima de tua própria ingenuidade.

A ingenuidade da crença. A fé no idiota que está para se revelar.

Cuidado.

O caráter não se modifica.

Ele, algozmente, se revela.

Queres mesmo te revelar?

Ou és covarde, fraco ou mesquinho a ponto de esconder-te de ti mesmo?

Revela-te ou devoro-me.

Não me decifra. Porque sou teu espelho, tua verdade, teu calcanhar de Aquiles.

Aquilo. Que não sei. Nem quero saber. Não me toca. Sai.

27 de jun. de 2009

Thriller na prisão



Para quem ainda não viu, vale a pena conferir essa coreografia de "Thriller", uma performance de cerca de 1.500 detentos do centro de reabilitação e detenção de Cebu, nas Filipinas.

O vídeo já foi visto mais de 26 milhões de vezes no Youtube.

Sensacional!

Clique aqui para ler reportagem em Veja.

Enjoy it!

Who's bad? Bye, Michael

Meu tributo a Michael Jackson: um poema que escrevi em 1992, no Canadá. Até então, não tinha dono. Agora tem.

My tribute to Michael Jackson: a poem I wrote back in 1992, in Canada. Until then it did not have an owner. Now it does.


26 de jun. de 2009

Livrai-me de todos os males, inclusive da Livraria Saraiva



Napoleão Bonaparte (foto abaixo) disse uma frase que é uma das minhas favoritas: "Quando as pessoas param de reclamar, param de pensar".

Não deve ser à toa que o mestre da estratégia francês (sem considerar Waterloo, é claro) vivia com dor no estômago, fato, aliás, que justificam os historiadores ser a razão pela qual Napoleão sempre aparece com a mão sob o casaco em imagens e pinturas.

Como não paro de pensar, também não paro de reclamar. E hoje quero dividir aqui com vocês minha indignação com o péssimo atendimento da Livraria Saraiva online.

Literalmente, estou levando uma saraivada da Saraiva (com o perdão do trocadilho).

Fizemos a compra de um notebook no último dia 9 de junho, com promessa de entrega em três dias úteis.

Já se passaram até hoje (26 de junho) 12 dias úteis, ou seja, o quádruplo do tempo prometido por eles. Já reclamei, esperneei, liguei, escrevi. Só falta agora cancelar a compra.

Após tanta insatisfação, contatos na central de atendimento e e-mails enviados, vejam a resposta da área responsável por atender as reclamações de clientes:


"São Paulo, 26 de junho de 2009

Pedido #12999833

Prezado senhor Rodrigo ,

Informamos que sua crítica foi encaminhada para conhecimentos dos departamentos responsáveis. Agradecemos pela preocupação em participar do processo de aperfeiçoamento de nossos serviços. Colocamo-nos à sua disposição para mais comentários.
Atenciosamente,
Renan Aragão"


Ridículo, não?

Mais ridículo ainda é entrar no site da Saraiva (veja imagem abaixo) e descobrir que essa história de visão, missão, valores e blablablá não passa mesmo de uma bela (e cansativa) lorota contada por executivos que não conseguem transformar teoria em prática.



Nunca mais compro na Saraiva, seja online, seja na loja do shopping. E também nunca mais indico aquele lugar.

Saraiva nunca mais.

--

Leia outras da série "nunca mais":

Telefónica nunca mais
Oi: portabilidade com a porta na cabeça

25 de jun. de 2009

Banho sustentável



Sempre parto do pressuposto de que boas (e eficientes) ideias devem ser compartilhadas.

Na semana passada, na Mostra da Conferência Internacional Ethos 2009, conheci o Sr. Geraldo Magalhães, criador do 'chuveiro eficiente'.

Trata-se de um sistema que recupera o calor da água quente que cai no piso do banheiro. Ou seja, a água nova recebe o calor e entra pré-aquecida no chuveiro. Isso proporciona uma redução de 50% no consumo do chuveiro elétrico residencial.

Veja a demonstração na entrevista que fiz com o Sr. Geraldo, no vídeo acima.

O equipamento é instaldo em 15 minutos, e não há quebradeira de piso e azulejo. Custa cerca de R$ 390,00. De acordo com o criador do sistema, esse valor é recuperado, através da economia na conta de luz, em cerca de cinco meses (isso para uma família de 4 ou 5 pessoas que utiliza o chuveiro numa média de uma hora diária).

Parabéns pela iniciativa!

Visite o site da Rewatt para mais informações ou entre em contato diretamente através do telefone (31) 2555-0638.

24 de jun. de 2009

Sonhar não custa nada - Parte II



E agora, a emoção em sua mais pura forma: o teste da Mercedes-Benz C 63 AMG. Uma das joias da fabricante alemã: motor V8 com 457 CV de potência.

A criança faz de 0 a 100km/h em 4,5 segundos, comprovados aqui nesse vídeo.

Sensacional. O ronco do motor é algo que faz a adrenalina derramar no sangue.

Brinquedo de gente grande. Como somos eternas crianças!


Não deixe de visitar o site oficial da montadora feito especialmente para essa máquina e ouça o som desse purossangue alemão.


Acima e abaixo: fotos retiradas do site da Mercedes.



Acima, a versão S. Abaixo, as 'crianças' série C. Andamos na preta.



A chance de curtir o filhão não tem preço!

Sonhar não custa nada - Parte I



Participei com meu filho, no último final de semana, na Hípica de Santo Amaro, em São Paulo, de um evento promovido pela Mercedes-Benz: o Mercedes-Benz Live & Drive.

Como não custa nada sonhar, meu rebento e eu nos divertimos como duas crianças (sim, duas! Me incluo também no rol!) testando as máquinas alemãs em circuitos ON e OFF.

Se também tiver paixão por carros, confira no vídeo acima, de produção mega-amadora, a nossa volta no modelo GL 500 (fotos abaixo). Para saber mais sobre esse espetáculo de automóvel, acesse o site da montadora clicando aqui.


Acima e abaixo: test-drive na pista OFF da Hípica de Santo Amaro em São Paulo.

22 de jun. de 2009

Blog, um sismógrafo


Peguei-me pensando dia desses sobre por que escrevo a respeito de tudo e nada aqui em 'Passa boi, passa boiada'.

A própria descrição que criei para o blog reflete isso: "Blog sobre nada. Já que tudo é nada, logo, sobre tudo também".

José Saramago, em entrevista ao jornal O Estado de S.Paulo, que também escreve um blog, traduziu com maestria esse meu (e dele) sentimento sobre escrever um blog:

"Os sismógrafos não escolhem os terremotos, reagem aos que vão ocorrendo, e o blog é isso, um sismógrafo."


Pronto, traduzido. E, agora, justificado. Pelo menos para mim.

Telefónica nunca mais


Uma inusitada mas bem-vinda decisão da Anatel lavou minha alma hoje: a Telefónica está impedida (mesmo que temporariamente) de vender novas assinaturas do seu serviço de internet Speedy.

Já não sou cliente da Telefónica há anos. Antes mesmo de existirem serviços de banda larga de internet, já havia cancelado uma linha de telefone nos idos de 2000 e me comprometido a nunca mais ser cliente deles.

A falta de respeito na central de atendimento, o descaso com minhas reclamações, os valores cobrados a mais, a arrogância dos executivos em entrevistas na imprensa, enfim, sofri na mão deles e, como não sou masoquista, caí fora sem titubear.

Uma vez, num processo seletivo para um novo emprego em São Paulo, quase fui desclassificado porque a empresa contratante identificou um apontamento no meu nome na Serasa. Fui investigar o que era (afinal, não tinha a mínima ideia do que poderia ser). Descobri que a Telefónica havia negativado meu nome em razão de alguns reais que ficaram em aberto após a data do meu cancelamento da linha em 2000.

Detalhe: eles nunca me informaram que havia tal saldo em aberto, não me comunicaram o envio dos meus dados para a Serasa e, pasmem, quando lhes contatei para acertar a ‘dívida’ de poucos reais e solicitar que meu nome fosse excluído do cadastro de maus pagadores imediatamente, eles fizeram corpo mole, não se prontificaram a resolver o meu problema e ainda se defenderam dizendo que o interesse era meu, logo, eles apenas seguiriam os procedimentos internos para verificar o ocorrido.

Felizmente, consegui o emprego: a empresa compreendeu a situação e me deu o tempo necessário para achar uma solução.

Sei que minha revolta contra eles, Telefónica, não lhes faz nenhuma cócega. Mas me sinto aliviado ao ver o vexame pelo que estão passando hoje. Afinal, tem coisa pior do que alguém lhe impedir de vender seus produtos e serviços?

Já pensou o dono da barraca de ovos da feira aqui do bairro ser interpelado pela Vigilância Sanitária e proibido de vender suas cartelas por conta de suspeita de contaminação dos ovos? O que ele, feirante, teria a dizer a seus filhos e a seu travesseiro quando chegasse em casa à noite?

Pois é isso que falta à Telefónica: vergonha na cara, consciência e dignidade.

Telefónica nunca mais.

A propósito 1: Desde 2000 sou cliente Embratel e Net. Estou feliz e recomendo.

A propósito 2: Enquanto escrevo este post, vejo o SP TV e me deparo com a seguinte notícia: “Mesmo impedida, Telefónica continua vendendo Speedy”. Bem a cara da empresa mesmo.


Montagem: 'Passa boi, passa boiada'

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Leia outras da série 'nunca mais':

Oi: portabilidade com a porta na cabeça
Livrai-me de todos os males, inclusive da Livraria Saraiva

19 de jun. de 2009

Obama acaba com a mosca da Folha

O que não faz o poder da edição, hein? ;-)

18 de jun. de 2009

Conferência Ethos: Carta aberta à sociedade

Acabo de participar da Conferência Internacional do Instituto Ethos, realizada em São Paulo, e publico abaixo a carta aberta divulgada agora há pouco durante o Ato Contra a Medida Provisória 458, que poderá ser sancionada ou vetada (espero!) amanhã pelo presidente Lula.


Carta aberta à sociedade

A sociedade humana vive, no século 21, os dilemas e as esperanças de uma civilização construída sobre os desatinos e os avanços incomparáveis da ciência, da arte e do conhecimento em geral sobre a natureza. Mas chegamos ao limite e precisamos de uma transformação radical na economia. Trata-se de construir uma civilização cujo modelo de produção e consumo preserve as riquezas naturais, inclua milhões de pessoas até agora à margem de qualquer progresso e garanta os recursos necessários para uma sociedade justa e sustentável, objetivo de todos nós.

O Brasil pode ser liderança neste processo por vários motivos: possui a maior floresta tropical do mundo; a matriz energética tem fontes renováveis e limpas; e os recursos ainda incontáveis da biodiversidade garantem a base para as inovações tecnológicas necessárias ao novo modelo em construção. No entanto, o que estamos fazendo com tudo isso? Ignorando nosso maior patrimônio para o século 21 e, ao agir assim, condenando o país a um papel secundário no novo mundo da sustentabilidade que está surgindo.

Nossa enorme perplexidade é verificar que, no início de um novo século, com os desafios que temos, ainda existam políticos e empresários descomprometidos que se apropriam do Estado para benefício particular, privilegiando o lucro imediato à custa do interesse maior da nação brasileira. Esta falta de visão de futuro fica ainda mais evidente com os ataques que a legislação ambiental brasileira vem sofrendo. A aprovação, no Congresso Nacional, da MP 458, conhecida como MP da Grilagem - que, entre outras medidas, promove a legalização de terras ilegais, é a mais recente demonstração de que há um projeto em andamento para desmontar a agenda ambiental duramente conquistada nos últimos anos e que dá ao Brasil posição privilegiada para enfrentar as consequências das mudanças climáticas.

A quem interessa o desmatamento? A sociedade brasileira precisa se mobilizar para separar o joio do trigo. Nós, participantes da Conferência Internacional do Ethos, podemos afirmar enfaticamente que a maioria das empresas aqui instaladas está interessada em promover negócios responsáveis e, junto com as demais forças da sociedade civil organizada, vem buscando o desenvolvimento sustentável.

Infelizmente, ainda há os que fazem o contrário. Para estas pessoas, ambiente é obstáculo. Nós , no entanto, queremos enfatizar que o Brasil hoje tem enorme importância no mundo por ser um dos países com maior patrimônio ambiental ainda preservado e, portanto, com maior potencial de desenvolvimento econômico e social sustentável. Por isso, aqui reunidos neste ato público, manifestamos nossas intenções de:

- Conclamar a Presidência da República a vetar os três artigos da MP 458, conforme a Carta Aberta da senadora Marina Silva encaminhada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva

- Conclamar o presidente Lula a assumir a liderança da agenda ambiental como central na estratégia do desenvolvimento social e econômico do Brasil;

- Conclamar o Congresso Nacional a assumir sua responsabilidade frente à agenda ambiental brasileira;

- Conclamar as empresas a incorporar a agenda ambiental como estratégia de seus negócios.


São Paulo, 18 de junho de 2009

Conferência Internacional Ethos 2009

15 de jun. de 2009

Twitter e Ahmadinejad: Um marco na história das comunicações



Foi um tweet que levou ao mundo, nesse último fim de semana, a notícia da confirmação da vitória de Ahmadinejad nas eleições presidenciais do Irã.

Com isso, um marco importante na história das comunicações ganha vida: pela primeira vez, uma notícia de importância internacional foi dada pela Internet, em primeira mão, por pessoas, indivíduos, internautas, anônimos ou não. Para ser mais específico, pelo Twitter.

Chega a vez em que a nova mídia bate a velha mídia. E quem mais sentiu o golpe foi a americana CNN, que detém (ou detinha) a reputação de sempre dar notícias com exclusividade, como por exemplo o 11 de Setembro, a operação Tempestade no Deserto, entre outras. (Veja mais no site do Mashable, em inglês)

As vias tradicionais de divulgação de notícias, sejam elas os maiores jornais do mundo e seus sites, agências de notícias, rádios e televisões levaram do Twitter, usando o jargão jornalístico, um inusitado furo de reportagem.

Por mais irrelevante que o fato de a velha mídia perder para a nova possa parecer, trata-se de um fenômeno que certamente mudará (e já está mudando) a forma como as pessoas se comunicam.

Trata-se ainda de um movimento nunca antes visto pela humanidade: a capacidade de qualquer pessoa, em virtualmente qualquer lugar, poder gerar notícias, conteúdo e tudo o mais que possa interessar a uma terceira parte, independentemente do lugar de onde esta esteja recebendo a informação.

Não só as empresas de comunicação, mas também qualquer empresa ou organização -- grande, média ou pequena -- deverão se preparar para essa mudança e se dedicar a uma reflexão de como isso poderá impactar suas estratégias de negócios.

Cada vez mais, o boca-a-boca, o tweet-a-tweet terão peso em escala nas decisões de compra, na formação de opinião, na percepção de marcas por parte de consumidores em todo o mundo.

É certo que aqueles que puderem vislumbrar esse futuro e antecipar tendências e direções sairão na frente nessa nova corrida cibernética.

Ainda há muito mais por vir. Afinal, a velocidade da luz já está mesmo ficando para trás.

Preparemo-nos para a Nova Era. E que ela seja muito bem-vinda.

13 de jun. de 2009

Com calça ou sem calça?

SeuOrkut.com.br

Essa é uma brincadeira de criança. Deu até saudade da minha infância.

Olha só se não fica engraçado cantar a primeira estrofe da canção "Carinhoso", de Pixinguinha, intercalando os versos com os termos "com calça" e "sem calça".

Para ouvir a música, clique no botão 'play' no box abaixo: marisa monte e paulinho da viola - Carinhoso


Dica: só cantarole a letra da música. O 'com calça' e o 'sem calça' devem ser apenas 'falados':

SeuOrkut.com.br

Carinhoso

Pixinguinha

Meu coração
com calça

Não sei por que
sem calça

Bate feliz
com calça

Quando te vê
sem calça

E os meus olhos
com calça

Ficam sorrindo
sem calça

E pelas ruas
com calça

Vão te seguindo
sem calça

Mas mesmo assim
com calça

Foges de mim
sem calça

Confira aqui a letra completa.

E se quiser, confira o vídeo com a versão interpretada por Marisa Monte no Youtube:

10 de jun. de 2009

Sobre atraso e avanço, Brasil e Canadá



A revista Economist
divulgou nesta semana o ranking das melhores cidades do mundo para se viver. Vancouver, na costa oeste do Canadá, ficou em primeiro lugar. A nossa querida São Paulo empatou com a linda Rio de Janeiro na 92ª posição.

Sei que parece até injusta, mas
a comparação entre Brasil e Canadá é inevitável. Aliás, mais do que inevitável, ela é necessária.

Morei na cidadezinha de Castlegar, no Canadá, de 1992 a 1993, numa época em que o país detinha o posto de primeiro lugar (hoje é o terceiro, atrás de Noruega, em segundo, e Islândia, em primeiro) em IDH, o Índice de Desenvolvimento Humano da ONU.

A região onde fiquei, a Província de Colúmbia Britânica, era considerada pelo governo canadense, na época, a melhor região para se morar no país, levando-se em consideração critérios como educação, saúde e qualidade de vida. Ou seja, no melhor lugar do melhor país do mundo para se viver.

Antes do Canadá, nasci e passei minha infância e adolescência no interior de São Paulo, em São José do Rio Preto. Desde 1994, moro em São Paulo.

“Bem, mas e daí?”, você deve estar se perguntando.

E daí que o choque de culturas pelo que passei marcou minha vida para sempre.

Não, o choque não foi assim tão radical. Diria que foi até sutil. Mas ao olhar do observador mais atento (e sensível), as diferenças podem tornar-se gritantes.

Vamos a elas:

Atravessando a rua
Aprendi lá no Canadá, no início da década de 90, que basta eu sair da guia e pisar na rua para que os carros parem para eu atravessar. Simples assim. O pedestre tem prioridade. Aqui no Brasil, ainda hoje, ou seja, quase 20 anos depois, paro o carro para as pessoas atravessarem a rua e, (salvo exceções) para minha surpresa, alguns pedestres se recusam a atravessar, às vezes até me olham feio, como que se eu fosse sacaneá-los (dando-lhes um susto ou mesmo passando por cima do cidadão). Enfim, a culpa é de todos nós, não apenas do pedestre, nem do motorista, mas da forma como vimos nos tratando nos últimos tempos.

Lixo
A gente aqui ainda engatinha quando se trata de administrar nosso próprio lixo. Não, não estou falando da reciclagem de alumínio (o Brasil é campeão mundial nesse quesito graças ao contingente gigantesco de brasileiros que vivem abaixo da linha da pobreza e, a fim de sobreviver, vivem revirando latões, lixões, quase chegam a implorar pela sua latinha de cerveja vazia na praia). Nem tampouco falo da nossa campeã reciclagem de plástico, reflexo idêntico ao caso das latas de alumínio, e por aí vai. Estou falando de produzir lixo com 'consciência', não desperdiçar, pensar (ou seja, usar a razão, presente divino) antes de imprimir, de usar o carro, de fazer compras. Os canadenses que conheci e com quem convivi em 1992 já sabiam e faziam tudo isso. Iam além: separavam em cestinhos apropriados o chamado lixo orgânico: cascas de batata, cenoura, frutas e tudo o que sobra na cozinha e nos pratos. O que faziam com isso? Bem, eles têm um cantinho no quintal, onde armazenam esse material que é utilizado nas suas hortas e jardins. E a gente aqui no Brasil querendo começar a separar em casa o jornal velho, as garrafas de plástico, as latas de alumínio... Pelo menos já é um começo. Tardio, diria, mas um começo!

Consciência ecológica
Você sabe quantas árvores são necessárias para se produzir uma tonelada de papel? Os canadenses sabem disso desde criancinhas. OK, pode parecer exagero, mas a consciência voltada para o meio ambiente no Canadá é um exemplo a ser seguido. É natural que eles também são usuários de grandes quantidades de papel, sobretudo pelo fato de serem uma nação altamente desenvolvida. Mas a conscientização ecológica é algo que já se fundiu à cultura deles. Aqui no Brasil, essa visão já está presente entre as classes A, B e C, mas ainda há muito trabalho a ser feito para se atingir toda a população. (A propósito, são necessárias 17 árvores para a produção de uma tonelada de papel.)

Direitos constitucionais
É lei levada a sério no Canadá (perdão pelo pleonasmo, mas é que no Brasil lei não é dura lex. Tá mais para dura vita) que todo cidadão tenha acesso universal a saúde, moradia e educação. O próprio Michael Moore, documentarista americano, retratou muito bem isso no filme "
Sicko-SOS", em que compara a drástica diferença entre o sistema de saúde pública do Canadá e dos Estados Unidos. Bem, prefiro nem mencionar o nosso aqui no Brasil.

Campanhas voluntárias e ONG's
A onda por aqui agora é responsabilidade social, voluntariado etc. Sim, sei que há muitas pessoas e empresas que já agem há décadas no silêncio promovendo a ajuda ao próximo. Mas é fato, e você há de concordar comigo, que no Brasil a frequência desse tema ganhou amplitude nos últimos dez anos. No Canadá, em 1992, quando lá morei, eles já estavam carecas de saber que esse tipo de ação é não só necessária, mas um dos princípios da solidariedade. Participei de diversas campanhas (até porque eu era patrocinado pelo
Rotary, instituição engajada mundialmente em ajudar o próximo) para arrecadar alimentos, roupas e remédios, além de ações para recolher materiais para reciclagem. Faço, no entanto, um mea culpa aqui: a única vez que doei sangue na minha vida foi lá no Canadá através de uma campanha da Cruz Vermelha daquele país.

Ausência de muros separando as casas e portas destrancadas dos carros
Essa não vou nem comentar.

Patriotismo
Todo canadense sabe de cor o hino nacional do seu país. Tudo bem que a letra do hino tem treze versos, se não me falha a memória, mas até eu aprendi a cantá-lo. Mas o fato que importa não é esse. O que me tocou de verdade foi ver (e ouvir) o hino ser tocado em diversas ocasiões, públicas e privadas, além de a bandeira canadense ser hasteada em comércios, residências, espaços públicos. Aqui no Brasil já vi até gente comentando ser cômico alguém ter a pachorra de saber todos os versos do nosso hino nacional. Sem dizer que muita gente acharia brega hastear uma bandeira do Brasil na frente de suas casas. Verdade ou não é? Ou vai dizer que você nunca pensou nisso?

Papel na lixeira
Nós, latinos, temos o hábito de amassar a folha de papel, fazendo aquela bola, antes de jogá-la no lixo. Uma vez, ao fazer isso, fui orientado por um canadense que amassar a folha de papel antes de dispensá-la é desnecessário, pois ocupa muito mais espaço no lixo. É só tirar a prova
em casa. Faça o teste: amasse várias folhas de papel e jogue no lixo. Contou quantas folhas couberam no cesto? E se apenas jogasse as folhas, acomodando-as no lixo? Caberia muito mais. Sem mais comentários também. ;)

Uso de água
Só vou dar um exemplo aqui: o uso de água para lavar calçadas com a mangueira. Na segunda casa em que morei no Canadá, na família Meyer para ser mais específico (morei em quatro famílias), aprendi uma lição que trago comigo até hoje. Estava eu a ajudar a limpar o carro da família numa tarde de sábado, quando me embrenhei com a mangueira d'água e comecei a lavar a calçada com o forte jato da ferramenta. Fui surpreendido pelo meu 'host father', Mr. Meyer. Ele simplesmente me explicou que é mais fácil, além de muito mais ecologicamente correto, primeiro varrer a calçada, recolher e lixo e só. Ah, quer tirar a poeira do chão? "Um pano molhado basta, Rodrigo!". Foi o que ouvi de volta.

Há mais uma centena de lições que aprendi quando morei e convivi com os canadenses, povo acolhedor, sensível e muito desenvolvido.

Fico só pensando numa coisa: se aprendi essas coisas todas já faz quase 20 anos, em que estágio os caras devem estar hoje?

Estou precisando (ou melhor, desejando -- quem leu "Carta Aberta a Gandhi" sabe o que quero dizer) voltar ao Canadá. Nem que for só a passeio. Afinal, é nossa obrigação cívica, na qualidade de brasileiros, contribuir para um país melhor. Sempre.

P.S.: Não posso deixar de comentar. A Miss Canadá é brasileira. Preciso dizer mais alguma coisa?

6 de jun. de 2009

Home: "É tarde demais para sermos pessimistas"




Assista aqui (áudio original em inglês) ou aqui (versão dublada em português) a "Home - Nosso Planeta, Nossa Casa"

Assisti ontem, na Fnac Pinheiros, em São Paulo, à estreia mundial do filme "Home - Nossa Planeta, Nossa Casa". Chocante. Vale a pena.

Tirei algumas lições, que divido aqui com vocês:

1) 20% da população mundial consome 80% dos insumos.

2) Gasta-se 12 vezes mais com defesa militar do que com ajuda humanitária.

3) A calota polar está 40% menor que 40 anos atrás.

4) O sol fornece à Terra, em apenas uma hora, a mesma quantidade de energia gasta pela humanidade em um ano. (Ou seja, vamos utilizar fontes de energia renovável como paineis solares).

5) 50% dos grãos produzidos na Terra são usados para ração ou combustível.

6) 13 milhões hectares de mata desaparecem por ano.

É TARDE DEMAIS PARA SERMOS PESSIMISTAS!

E você? Faz sua parte?

2 de jun. de 2009

Drummond para o meu epitáfio

E também condolências às vítimas do voo AF447



Encarar o tema da morte, por mais mórbido ou desagradável que seja, nos é inevitável.

O trágico acidente de hoje com o avião da Air France mexe com o fundo da nossa consciência e nos faz refletir sobre quão sensíveis, pequenos, frágeis somos e, ao mesmo tempo, tão queridos, únicos e especiais.

Apesar de, no mundo, morrerem anualmente mais pessoas vítimas de picadas de abelhas do que de acidentes aéreos, só nos deparamos com a morte, a única certeza que temos sobre a existência, quando ela nos choca como nos chocou o noticiário nesta manhã.

Por isso, quero aqui, além de deixar minha homenagem às 228 vítimas do voo 447 da Air France, registrar o que desejo que seja lapidado no meu epitáfio: um poema de Drummond.


Memória

Amar o perdido
deixa confundido
este coração.

Nada pode o olvido
contra o sem sentido
apelo do Não.

As coisas tangíveis
tornam-se insensíveis
à palma da mão.

Mas as coisas findas,
muito mais que lindas,
essas ficarão.

Carlos Drummond de Andrade

Foto de Rodrigo Marques Barbosa, litoral de SP